domingo, 3 de agosto de 2008

A importância das Federações Esportivas




Como a maior parte dos esportistas, demorei muito tempo para compreender a importância da existência de uma Federação Esportiva. Apesar de ter praticado judô como federado, nunca havia me preocupado com o fato de estar ou não filiado à federação ou à confederação brasileira. Só ficava incomodado no início de cada ano, quando tinha que preencher as fichas e realizar os pagamentos das taxas de anuidade.


O destino acabou me tornando presidente da FEPEP – Federação Paulista de Enduro a Pé e Trekking. Confesso que relutei muito no início para assumir essa função. Afinal, a FEPEP encontrava-se totalmente desacreditada. Poucos atletas continuavam filiados e pouquíssimos organizadores ainda mantinham suas contribuições.


Ao assumir, tomei duas decisões que considero terem sido fundamentais. Manter todos os ex-diretores, reconhecidamente dedicados à federação e completar com alguns feras do esporte paulista. Para minha surpresa, quando expus minha vontade de ressuscitar a federação paulista, todos os ex-diretores e todos os atletas que convidei, aceitaram prontamente.


Outra surpresa maior me aguardava. Alguns diretores da gestão anterior, já estavam movimentando a nossa participação inédita, nos Jogos Regionais de 2008. Foi então que comecei a aprender que um dos principais papéis de uma federação é trabalhar junto às secretarias de esporte para buscar seu lugar ao Sol. Não imaginava o quanto as federações esportivas eram respeitadas pelas secretarias de esporte. As equipes que trabalham nessas secretarias, realmente acreditam no esporte como um dos caminhos para resolver problemas sociais e educacionais.


Os Jogos Regionais 2008


Conseguimos nossa participação como modalidade extra na 2ª. Região Esportiva, do Vale do Paraíba, trabalhando junto à secretaria do município sede de Caraguatatuba. Para quem nunca ouviu falar dos Jogos Regionais, aqui vai um resumo das informações: O modelo atual dos Jogos Regionais foi criado em 1988, quando as oito regiões ficaram assim definidas: Grande São Paulo, São José dos Campos, Bauru, Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Sorocaba.


Este ano, foram disputadas 22 modalidades regulares nos Jogos Regionais da 2ª. Região Esportiva: o atletismo, basquetebol, biribol, bocha, capoeira, ciclismo, damas, futebol, futsal, ginástica artística, ginástica rítmica, handebol, Judô, Caratê, malha, natação, Taekwondo, tênis, tênis de mesa, vôlei de praia, voleibol e xadrez.


A cidade sede dos Jogos Regionais é quem indica as modalidades extras que compõem os Jogos Regionais. Além do Enduro a Pé, outras 13 modalidades extras, que valem apenas como demonstração e não pontuam os municípios tiveram a chance de participar neste ano. Em Caraguatatuba as demais modalidades extras foram o beach soccer, o bicicross, a canoagem, o futebol de mesa, o futevôlei, o Hap Ki Do, o gateball, o Jiu Jitsu, o Kung Fu, o skate, o supino, o surf e o vôo livre (parapente e asa delta). De todas as modalidades extras, o Enduro a Pé foi o esporte que mais representou municípios.


O trabalho incansável de nossos diretores rendeu inúmeros contatos com gente que faz o esporte acontecer. Através desses contatos, recebemos o convite para organizar um evento no município de Arujá, próxima cidade sede da 2ª. Região Esportiva com o objetivo de apresentar o esporte para a cidade, e mostrar a cidade para competidores de fora da cidade e para os próprios habitantes. Está garantida a nossa participação nos Jogos Regionais de 2009.


Se conseguirmos difundir o Enduro a Pé para as demais regionais, e emplacarmos nossa participação em 2010, a partir de 2011 estaremos participando dos Jogos como modalidade regular e classificando então as três primeiras equipes de cada região para disputar os Jogos Abertos do Interior, considerada atualmente como a maior competição da América Latina.

Graças à iniciativa de um dos nossos diretores, também estamos com um projeto a ser aprovado para a criação do dia nacional do Enduro a Pé. Já que quase tudo tem seu dia, nada mais justo termos o nosso também.


A maior fonte de recursos das federações é proveniente de seus filiados. A taxa de filiação e a contribuição dos organizadores constituem as duas principais fontes de renda que temos para custear todos os trabalhos dos diretores. Para atingir seus objetivos, as federações precisam organizar-se para obter outras fontes de recursos. As confederações esportivas contam com recursos da Lei Ângelo Piva e com patrocínios. Já as federações enfrentam muitas dificuldades para receberem recursos da lei e muito raramente conseguem obter investimento privado. Desse modo, elas precisam contar com qualquer tipo de apoio, seja das secretarias de esportes e suas respectivas prefeituras, sejam de iniciativa privada.


No início, com poucos associados, temos que contar com a doação de nossos diretores, na forma de trabalho voluntário. Muitos acabam colocando dinheiro do próprio bolso para custear as despesas básicas da federação. Todos precisam estar conscientes de que esta é uma fase necessária para dar início ao processo. É por este motivo que todos os diretores das federações iniciantes precisam ser totalmente idealistas.


Falta pouco para conseguirmos o reconhecimento do Enduro a Pé. Para isso, basta que cada competidor e cada organizador estejam dispostos a dar sua contribuição. Divulguem o esporte em seus municípios, façam contato com as secretarias de esporte, participem das equipes que irão competir ou que organizarão o esporte nos próximos Jogos Regionais.


Quero terminar convocando todos os organizadores e todos os praticantes para participarem da nossa federação. Se cada um fizer sua pequena parte, podemos construir um enorme projeto para o nosso esporte. Juntem-se a nós! Filiem-se às federações esportivas! Vamos fazer a diferença e transformar o esporte em uma alternativa viável para um futuro melhor para o Brasil.




Texto publicado em minha coluna na Revista Azimute: http://www.revistaazimute.com.br/

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