terça-feira, 8 de março de 2011

Entrevista com Fernando Dolabela - Empreendedorismo nas escolas


Em entrevista à Diocsianne Moura, de Atividades & Experiências, o professor Fernando Dolabela, criador e coordenador de dois dos maiores programas de ensino de empreendedorismo no Brasil – para Educação Básica e Ensino Superior – , revela como a escola pode construir e incentivar nos alunos novas atitudes através do empreendedorismo, preparando-os para um futuro no qual a criatividade, a inovação e uma atitude positiva perante as dificuldades serão a alavanca para o sucesso e a sobrevivência no mundo do trabalho.

Leia a íntegra da entrevista, disponível em pdf: http://www.educacional.com.br/revista/0408/pdf/06_Entrevista_FernandoDolabela.pdf

Algumas questões interessantes:

A&E: Qual o conceito de empreendedor?


FERNANDO DOLABELA: Empreendedor é alguém que sonha e busca transformar o seu sonho em realidade. É preciso que as crianças desenvolvam o potencial de sonhar, que aqui significa conceber o futuro, e sejam capazes de transformar esse sonho em realidade. A família e a escola não perguntam à criança: “Qual é seu sonho?” A ausência dessa pergunta deve-se à intenção da sociedade de fazer com que os jovens desempenhem papéis pré-definidos. Não havendo a pergunta, as crianças e os jovens não se preparam para a resposta que leva à concepção do futuro que desejam para a sua comunidade e para si mesmos e, conseqüentemente, não desenvolvem o seu potencial empreendedor. Empreendedorismo significa, principalmente, a capacidade de transformar conhecimento em riqueza para toda a coletividade. Eticamente acho que só pode ser considerado empreendedor aquele que oferece valor positivo para a comunidade a que pertence. Empreendedorismo não pode ser visto como um processo de enriquecimento pessoal.

A&E: O empreendedorismo geralmente é associado a atividades empresariais. É possível a escola incentivar os alunos, desde cedo, a serem empreendedores? De que maneira?


DOLABELA: Eu considero o empreendedorismo em seu conceito mais amplo: empreender é uma forma 
de ser, muito mais do que fazer. Quero dizer que abrir uma empresa é uma das infindáveis formas de se empreender. Eu sou contra induzir alunos a abrir uma empresa. Quero desenvolver o potencial empreendedor do aluno, mas a direção vai ser dada por ele, que deve escolher a atividade que deseja:
funcionário público, artista, pintor, pianista, padre, político... Independente da opção que fizer, em termos de profissão, o importante é que ele seja empreendedor. Não se pode ser dirigista num processo educacional. Não se pode dizer: “seja isto, seja aquilo”, essa vontade deve partir do próprio estudante. Ele é que vai dizer a certa altura da vida: “Eu quero abrir uma empresa!” Isso pode ser aos 12, 13, 15, 16 anos. Nesse momento sim, a escola deve estar preparada para oferecer esses recursos. 

A&E: Como as escolas que pretendem oferecer o ensino do empreendedorismo aos seus alunos devem proceder?


DOLABELA: As escolas devem entender que não existe crescimento econômico ou desenvolvimento social sem o empreendedorismo. O que move a sociedade e gera riqueza é o empreendedor. É o mais poderoso instrumento de combate à miséria. Nós não vamos gerar e distribuir riquezas sem que a base da população seja empreendedora. Além disso, é preciso que professores, educadores e pais saibam que os estudantes que não desenvolverem seu potencial empreendedor terão sérias dificuldades de inserção no mundo do trabalho.

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