segunda-feira, 28 de março de 2011

Os desafios e oportunidades de sermos pais no mundo atual




Encontro de Pais Waldorf no Estado de São Paulo, que acontecerá de 27 a 29 de maio de 2011 no Colégio Waldorf Micael de São Paulo
Email de contato: encontrodepais@micael.com.br


Tema do encontro (*grifos meus*)
Texto original disponível em: http://encontrodepaiswaldorf.wordpress.com/o-tema-do-nosso-encontro/

Em outubro de 2010, o grupo de pais que deu origem ao impulso do encontro daquele ano passou a se reunir para começar a desenhar o encontro estadual de 2011. Uma das primeiras metas era definir um tema para o evento. Logo chegou-se a um consenso: era preciso discutir os nossos desafios como pais na época atual.

Definimos que usaríamos dois textos de Rudolf Steiner como pano de fundo para as discussões do encontro: Carências da Alma em Nossa Época – Como Superá-las ePedagogia como Questão Social.
Logo em seguida, Ana Paula Cury, mãe da Escola Waldorf Rudolf Steiner e membro do grupo, redigiu o seguinte texto para fundamentar a escolha do tema do nosso encontro de 2011:
Os desafios (e as oportunidades) de sermos pais no mundo atual
“Em um ciclo de palestras proferidas em 1919, Rudolf Steiner, aprofundando a compreensão da natureza do ser humano, tentou demonstrar o quanto a desagregação das almas humanas atualmente é consequência das insuficiências do sistema educacional.
Em nossa cultura ocidental, a busca constante por uma liberdade de sentido distorcido culmina no individualismo desenfreado e na utilização do conhecimento e da técnica como formas de minimizar os problemas sociais por meio de uma ciência puramente materialista.
Em sua fala, Steiner ressaltou as ameaças ao ser humano decorrentes do desenvolvimento da ciência natural e do processo de industrialização: a mecanização do espírito, a vegetabilização da alma e a animalização do corpo.
‘Estas são as coisas que têm tido um efeito progressivamente intenso desde meados do século XV e estão agora roubando aos seres humanos sua própria humanidade. Se as pessoas levarem o pensamento mecanicista e a indústria ao que resta da vida, então seus espíritos tornar-se-ão mecanizados, suas almas dormentes e vegetabilizadas e seus corpos, animalizados. Mecanização do espírito, vegetabilização da alma e animalização do corpo – isto é o que temos de enfrentar sem ilusões.’
Entretanto, Steiner encarava a Liberdade no âmbito espiritual, incluindo aí a questão pedagógica, como principal meio de fazer superar os problemas sociais existentes na humanidade.
A partir daí, ele assenta as bases para uma educação adequada à formação de indivíduos que pudessem no futuro, de forma responsável, lidar com as questões prementes da sociedade.
Este é o maior ideal da pedagogia Waldorf. Formar seres humanos livres, capazes de fazer a diferença no mundo. E nós temos a oportunidade de contribuir para a realização deste ideal na medida em que escolhemos para nossos filhos uma escola orientada por esta concepção e princípios.
Mas qual é a nossa parte nisso? Será que a reconhecemos e estamos suficientemente compromissados com ela?
Hoje, podemos perceber a crescente manifestação destas três forças adversas, insidiosamente se imiscuindo em nossas vidas, como um desafio real para todos. Podemos senti-las nos episódios de vandalismo, nas diferentes formas de adicção, nos frequentes atritos na esfera das relações, na falta de interesse pelas necessidades dos outros, na pouca compaixão, na intolerância, na sexualidade desenfreada e prematura, no uso de entorpecentes como busca de gratificação ou compensação para outras coisas, na visão reducionista, consumista e materialista do mundo e do homem.
Elas atuam tal como germes patogênicos que, encontrando oportunidade para isso, penetram no organismo social-espiritual, colonizando-o, nele se multiplicando e levando-o a adoecer. Nossos atos cometidos por influência dessas forças são como sinais e sintomas de uma infecção anímica.
Ora, a susceptibilidade de um organismo está ligada a sua baixa imunidade. Quando as defesas orgânicas estão em ordem, quando a salutogênese é praticada, é mais difícil adoecer. Imaginemos agora nossas escolas, cada qual  como um organismo social-espiritual, como um ser vivo.
Que significaria para ele uma boa imunidade? A imunidade é a expressão a nível biológico do senso de identidade e missão de um ser. O sistema imune é justamente aquele cujas células procuram distinguir o que lhe é próprio do que lhe é estranho e então, englobar e eliminar o que não lhe pertence como self. Ele funciona como um permanente estado de vigilância e atenção. Como poderíamos então, enquanto organismo social, enquanto comunidade, desenvolver ou adquirir uma boa imunidade, uma capacidade de reconhecer e lidar adequadamente com a presença destas forças adversas?
Como podemos resgatar um senso de IDENTIDADE que nos fortaleça perante os desafios do mundo contemporâneo? Qual a nossa parte e tarefa neste organismo-escola enquanto pais?
É para refletir e buscar respostas para estas perguntas tão prementes que convidamos pais, representantes das Escolas Waldorf do Estado de São Paulo, para um Encontro que realizaremos de  27 a 29 de maio de  2011, no Colégio Waldorf Micael de São Paulo.”
Sugerimos que todas as escolas que participarão do encontro de 2011 reflitam sobre o texto acima e busquem levantar quais são os três desafios mais prementes que cada comunidade de pais enfrenta atualmente. Será a partir do retorno dessa reflexão que a comissão organizadora do encontro norteará a programação do evento.

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