quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dois Falcões Peregrinos são homenageados nas comemorações do dia do Escoteiro

Em cerimônia realizada na Câmara Municipal de São Paulo, na noite desta terça-feira, dia 26 de abril, em homenagem ao dia do escoteiro (23 de abril), nosso jovem escoteiro Thiago Macedo Almeida, da patrulha Torcaz e nosso escotista, mestre pioneiro, medalhista de Tiradentes, chefe Renato Araújo Silva, receberam o prêmio "Escotista Mário Covas Junior de Ação Voluntária".

Nosso jovem escoteiro Thiago Almeida, recebendo sua medalha e diploma.
Foto: Chefe Isabel Kawato

Chefe Renato Silva, recebendo sua medalha e diploma.

Close da Medalha.

O Prêmio tem o objetivo de agraciar, através dos membros da Comissão Municipal do Movimento Escotista Bandeirante (COMEB), instituições, personalidades, dirigentes do movimento escoteiro e jovens integrantes do movimento que se destacam nas ações em que o espírito escoteiro prevalece.

Vejam abaixo, o comentário do chefe Renato, a respeito do escoteiro Thiago:
"O Thiago é um escoteiro portador de SD (síndrome de Down) a quem todos nós do Falcão Peregrino, jovens e adultos, aprendemos a amar. Seus pais, com sua presença atuante em nosso Grupo nos dão a cada dia lições de confiança no Movimento Escoteiro e de dedicação e amor a seu filho especial. Thiago participa ativamente de todas as atividades do Grupo e esteve inclusive no Jamboree Nacional de Foz do Iguaçu. Faz sempre seu melhor possível!
É muito gratificante ver a forma como os jovens e em especial sua patrulha encaram com absoluta naturalidade e valorizam a presença do Thiago. 
Nos dão assim também uma lição de inserção e de aceitação da diversidade. Por tudo isso será um prazer estarmos juntos na entrega desse prêmio."

O 20º Grupo Escoteiro Falcão Peregrino está em festa, orgulhosos pelo sucesso de mais dois de seus Falcões.

Vejam outros detalhes no site da Câmara Municipal:

domingo, 24 de abril de 2011

Paixão segundo São Matheus - Coral do Colégio Waldorf Micael - Catedral da Sé - Dez/2009

Domingo de Páscoa - Emil Bock


A comunhão cósmica do nosso planeta terreno ocorre na sexta-feira santa e no sábado da Aleluia, antes mesmo da vitória pascal completa. Eis porque o corpo fisicamente real e o sangue fisicamente real do homem Jesus de Nazaré foi o medicamento que a terra recebeu. O fluxo sacramental que daí se derrama pela humanidade parte da Páscoa. 
Foi o erro do culto de relíquia medieval, nada mais do que uma relíquia de hábitos e crenças pré-cristãs, que induziu os homens a pensarem que sua vida cultural-sacramental dependia de restos físicos do corpo de Cristo. Os portadores do culto da Cristandade, tanto o catolicismo ocidental quanto o oriental, mantiveram com razão o velho princípio de construir os altares sempre em forma de túmulo. 
Mas foi um erro ater-se à prescrição de que no altar deveria haver sempre uma relíquia, fosse da própria vida terrena do Cristo, fosse de um santo a ele ligado. Esta ordem foi um retorno a tempos pré-cristãos em que só se podia cultivar a relação com o mundo espiritual à beira dos túmulos, onde repousavam os restos terrenos dos mortos. 
A refutação de todo culto de relíquias é o Sepulcro Vazio. O sepulcro de José de Arimatéia não continha resto algum do corpo de Cristo quando na manhã da Páscoa, Pedro e João desceram na fenda escura.
O sepulcro vazio significa: Não olheis para o homem Jesus! Não estais diante do sepulcro de um grande e santo homem. Olhai para o Cristo! Ele é uma entidade cósmico-divina. Seu túmulo não é o sepulcro de José de Arimatéia, mas toda a terra. 
As verdadeiras relíquias não são quaisquer restos dos acontecimentos físicos, pois estes só poderiam captar o estado pré-pascal dos fatos do Gólgota. O significado da vitória pascal é que, doravante, o corpo espiritual do Cristo, tecido de luz, poderá reluzir em tudo o que é terreno. Pão e vinho, sendo o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue do Cristo, são o medicamento da nova vida conquistada através da vitória pascal. 
Neles, a homeopatia espiritual atravessa o mundo, tendo como portadores os homens ligados ao Cristo. A sabedoria do Cristianismo original em torno deste mistério, expresso, por exemplo, por Inácio de Antióquia, pode ser reconquistada em nossa época através do pensamento claro treinado pelas Ciências Naturais: pão e vinho são os medicamentos da imortalidade.
Os altares do sacramento renovado também têm a forma de um túmulo. E, quando as paróquias se reúnem em torno dos altares, sempre está presente o princípio do sábado da Aleluia. Somos os que esperam diante do santo túmulo. Sabemos que nosso altar não precisa abrigar relíquias. O medicamento está presente quando o Cristo está presente, no pão e no vinho. As arqui-imagens da mesa e do túmulo se interpenetram. E à mesa do Senhor podem novamente estar presentes os nossos mortos. 
Aqueles que atravessam a morte após terem se ligado intimamente em vida ao novo sacramento indubitavelmente saberão achar este Santo Sepulcro, mais facilmente até do que achar seus próprios túmulos. As almas não mantêm mais relação intensiva com os corpos de que se despojaram. Mas, quando nos reunimos em torno do altar, eles podem estar conosco e assim reforçar nosso relacionamento com o mundo espiritual. 
Os novos altares circundam-se com a mesma trama de arqui-imagens que envolvia o sepulcro nas redondezas das plantações do Monte Sion. Está sanado, aqui, o abismo entre este e aquele mundo e, invisivelmente, floresce o jardim pascal onde nossa alma, como Maria Madalena, pôde ver o Ressurreto como jardineiro de um novo mundo. De dentro para fora a escuridão saturnina é iluminada pelo sol pascal.

CORRESPONDÊNCIAS COM A ÉPOCA ATUAL

O drama da Semana Santa, com sua graduação planetária, possui significado em qualquer tempo. Em momentos cruciais de transformação na história da humanidade este drama adquire importância atual em todos os seus detalhes. 

O que sucedeu em Jerusalém, historicamente, torna-se transparente para as arqui-imagens de validade eterna fundamental. Épocas inteiras podem reconhecer-se (no espelho desse drama). É o que sucede nos temporais apocalípticos da nossa época. Estamos atravessando uma Semana Santa em grande estilo.
A excitação e as comoções que agitam os povos, tanto as guerras quanto as que são sentidas apenas no íntimo das almas, têm sua origem apenas aparentemente no plano físico. Em realidade, elas nascem pelo ingresso poderoso, na existência terrena, de forças e entidades supra-sensíveis. 
A nova vinda do Cristo é como uma grande e cósmica entrada em Jerusalém. A humanidade sente em surdina o advento ruidoso do mundo espiritual. Nos brados de guerra e de paz da atualidade traduzem-se, misturados, os “hosanas" e os “crucifique-o”. No entanto, estando as almas aprisionadas pelos hábitos materialistas, o grito de ódio prevalece amplamente sobre o canto de louvor.
Nitidamente revela-se ao nosso redor a lei da segunda-feira santa. A vida espiritual tradicional entra em crise. Não vemos acaso tanta coisa que ainda há pouco parecia em plena flor e alta estima agora com o aspecto de uma árvore seca? Muitos templos estão ruindo e só permanece o que é autêntico. Implacavelmente o sol do destino expõe à luz do dia o que está obsoleto ou degenerado.
As forças marcianas acendem os fachos do Apocalipse. Quem consegue penetrar além da superfície dos fenômenos, reconhece que, por trás das lutas externas são travadas lutas espirituais. A luta da luz contra as trevas é travada por sobre as cabeças dos homens e na terra existe um grande perigo: que mesmo aqueles que, se estivessem suficientemente acordados poderiam lutar pela luz, desertam também para o lado das trevas. 
Não obstante, um pequeno grupo a serviço do sol espiritual pode ser vitorioso. A estes será dada como outrora aos discípulos no Monte das Oliveiras - o eco espiritual de seus esforços, a visão apocalíptica através da qual poderão reconhecer o de suas árduas lutas e sofrimentos.
Cada vez mais inequivocamente os homens são colocados diante de decisões íntimas: ou encontram o caminho que leva à atitude sacramental da plenitude anímica ou sofrerão a maldição da inquietude, da angústia, do nervosismo, que os precipitará no abismo da loucura. Devem escolher entre Maria Madalena e Judas.
Sob o peso do destino não existe quase mais ninguém que, ao menos por instantes, não tenha estado perto do mistério da quinta-feira santa, com sua luz de esperança para o futuro. A questão é apenas se a consciência se mantém firme, se desperta como a de João, se submerge no torpor do sono getsemânico, como Pedro, que renegou o Senhor, ou se até mesmo sucumbe ao demônio como a do Judas, que o traiu.
O verdadeiro mistério de nossa época consiste na renovada presença do Cristo entre os homens. É possível perseguir as igrejas cristãs, exterminar o Cristianismo; o Cristo, ele próprio, pode apenas ser novamente flagelado, coroado de espinhos e crucificado. Isto acontece não só por parte dos adversários como também por parte dos próprios cristãos. 
Não surpreende que sol se cubra e os elementos se enfureçam. A ira de Deus flagela o mundo com o castigo de tempestades. Não obstante, o aspecto oculto, interior, de tudo isto é o infinito amor divino. O Cristo que é, ele próprio, o amor cósmico, morre mais uma vez para penetrar nesta terra, para salvação também daqueles que o perseguem e o crucificam.
Finalmente, toda a humanidade está esperando diante de um sepulcro. Começa a atual lei do sábado da Aleluia. As massas rochosas que mantêm sepultado o Cristo e, com ele a verdadeira imagem do homem, incluem não só as fabricas e os supermercados, mas também as igrejas. Tudo o que existe de enrijecido entre os homens é o próprio sepulcro rochoso. 
Encontramo-nos na véspera de uma manhã pascal ou terão sido em vão todas as provações e os sofrimentos? Poder-se-ia pensar que a humanidade, em meio às catástrofes que ela própria provocou, esteja mais afastada do que nunca do mistério da Ressurreição. 
Entretanto, naquela época também houve terremotos até na madrugada do domingo de Páscoa e, portanto, podemos esperar que nos tremores da terra e da alma que abalam nossa época também esteja o Anjo do Senhor, que afastará a pedra do sepulcro.

Easter for kids and teachers - Páscoa para as crianças e professores


WHEN IS EASTER ?

2010 April 4 (Ash Wednesday February 17)

2011 April 24 (Ash Wednesday March 9)

2012 April 8 (Ash Wednesday February 22)

2013 March 31 (Ash Wednesday February 13)

2014 April 20 (Ash Wednesday March 5)

2015 April 5 (Ash Wednesday February 18)

2016 March 27 (Ash Wednesday February 10)


WHAT IS EASTER ?

Easter is the celebration of Jesus Christ's rising from the dead (His Resurrection) after His crucifixion which took place on what we now term Good Friday. Easter is usually celebrated on the first Sunday after the full moon following the Vernal or Spring Equinox on March 21st.

This can be any Sunday between March 22nd and April 25th. It is the most sacred of all the Christian holidays or celebrations. Christ's return (or rising) from death is called the Resurrection.    

According to the scriptures, Christ's tomb was empty three days after His death, which is commemorated on Good Friday. His followers saw Him and talked to Him after this. Christians therefore believe that they have the hope of a new life (an everlasting life in Heaven) after their earthly death.

 
HOW EASTER WAS CELEBRATED IN ANCIENT DAYS?

Although of course Easter is a Christian festival, it has many pre-Christian, Pagan traditions. While the origin of its name is uncertain, some scholars accept the derivation proposed by the 8th-century English scholar St. Bede, also know as The Venerable Bede, whose tomb is in the magnificent Durham Cathedral in North-East England. Bede believed the name probably comes from Eastre, the Anglo-Saxon name of a Teutonic goddess of spring and fertility.

A month was dedicated to her, corresponding to our month of April. Her festival was celebrated on the day of the vernal equinox and traditions associated with the festival live on in the modern day Easter rabbit, a symbol of fertility, and in colored Easter eggs. These were originally painted with brilliant colors to represent the warmth and sunlight of spring, and used in Easter-egg rolling contests or given as gifts.

Easter festival celebrations probably embody a number of other traditions occuring at around the same time. Most scholars speak of the relationship of Easter to the Jewish festival of Passover, or Pesach in Hebrew. The Passover celebrates the safe flight of the Israelites out of Egypt and across the Red Sea, lead of course by Moses, and as described in the Book of Exodus.


PASSOVER

At this time Jews remember how the children of Israel left slavery behind them when they left Egypt. The Israelites had been under the rule of Pharaoh, the King of Egypt, until Moses led them out over 3,000 years ago.

Despite pleas from Moses, every time Pharaoh refused to release the Israelites. He warned that unless his people were released from slavery and allowed to leave Egypt, God would send terrible plagues into Pharaoh's land. The ten plagues were blood, frogs, gnats, flies, blight of the livestock, boils, hail, locusts, darkness and the death of the first born.

God told Moses to tell the Israelites to daub the doors of their houses with lamb's blood so God could 'pass over' their houses and ensure they were spared this last plague. Thus was born the Passover Festival and because many of the early Christians were Jews brought up in Hebrew traditions, a link was created between Passover and Easter.

The link is strongest during the Seder, the very special family meal held on the eve of Passover, when during the drinking of four small glass of wine, an extra glass is poured for the Prophet Elijah. It was Elijah who foretold of the coming of the Jewish Messiah.

Our Lord Jesus Himself was of course from Jewish parents, and many of the early Christians too were Jewish and raised in the Hebrew tradition. They regarded Easter as an addition to the Passover festival, which of course is a partly a commemoration Elijah's prophecy.


CHRIST AS A THREAT TO ROME AND THE JEWISH HIGH PRIESTS

As the Gospels tell us, Christ's message of peace, and love of your fellow man, began to worry the Roman Military Governor (Procurator or Prefect) of Judea (the Holy Land), Pontius Pilate, as He was beginning to gain quite a following. It also began to worry the Jewish leaders of the time, although they had very different reasons. Christ was beginning to be thought of as the Jewish Messiah.

As the representative of Roman Emperor Tiberius, Pilate was responsible for tax collection, maintaining the huge Roman estates in the Holy Land, and maintaining order. It was this latter responsibility which he felt threatened by the following Christ was beginning to command.

We know from writings at the time of Romans, Philo Judaeus and Flavius Josephus, that Pilate was a cruel man, brutal in enforcing his will but also probably incompetent, despite ruling for 10 years from 26-26AD.

Brutality at the time was almost a norm, but Pilate was so brutal that he was recalled to Rome after he'd massacred a group of Samaritans at Mount Gerizim. The Military governor of Judea had complete judicial authority over all who were not Roman citizens, but many cases, notably those relating to religious matters, were decided by the Sanhedrin, the Jewish supreme council and tribunal.

The Gospels tell us that after the Sanhedrin found Jesus guilty of blasphemy, it committed him to Pilate's Roman court, as it had no power to declare and carry out a death sentence. The blasphemy, the Sanhedrin said, was because Christ was openly saying He was the Son of God, and therefore the Messiah. Christ stated this under affirmation to the Jewish High Priests of the Sanhedrin.

Interestingly and rather surprisingly, Pilate refused to approve the blasphemy judgment without investigation; the Jewish high priests then made other charges against Jesus, and the governor had a private interview with him.

Pilate appears to have been impressed with the dignity and with the frankness of Jesus' answers to his questions and is said to have tried to save Him. Nevertheless, fear of an uprising in Jerusalem forced Pilate to accede to the demand of the populace (releasing the criminal Barabas instead of Jesus) and Jesus was then executed by crucifixion.

As the Sabbath (Holiest day of the week) was now approaching, and burials were not permitted, Christ's body was laid in a new tomb by Joseph of Arimathea. It is thought that this was a tomb that Joseph had prepared for his own death, but having pleaded with Pilate for the release of Christ's body, he urgently needed a suitable safe place for the body to be kept until burial after the Sabbath. Assisted by a Roman called Nicodemus, Joseph bought fine linen in which he wrapped Christ's body as it was brought down from the cross. At the entrance to the tomb was placed a large bolder.

Nearly three days later, on the Sunday, Mary Magdelene and Mary, Mother of Jesus's disciple, James, entered the tomb to anoint Christ's body and prepare it for burial. However, upon entering, they were shocked to find the tomb empty. Christ's body had gone. The two Mary's saw an Angel who announced that Christ had had resurrected, and assumed life after death.

Naturally, they were very scared, but strangely comforted, especially when they spoke with several of Christ's disciples, who said Christ had appeared to them, and assured them that He had risen. From that time on, followers of Christ were assured the hope of life after death, an everlasting life in the Kingdom of Heaven. The real meaning of Easter had begun.


WHAT IS THE HOLY WEEK ?

The Holy week is the last week of Lent. It begins with the observance of Palm Sunday, the Sunday before Easter Sunday. The name, Palm Sunday originated from Jesus's entry in Jerusalem. The crowd laid carpets of palms on the street for Him. The Last Supper is commemorated on Holy Thursday of special week (often called Maundy Thursday) and Friday is the anniversary of the crucifixion of Jesus Christ on the cross. The Lenten season and Holy week end with Easter Sunday (the Resurrection of Jesus Christ).


sábado, 23 de abril de 2011

Para entender melhor a Páscoa Cristã


Ostara

Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera.

A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra "páscoa" – do hebreu "peschad", em grego "paskha" e latim "pache" – significa "passagem", uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.

De fato, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.

Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é Ceres.

Os pássaros estão cantando, as árvores estão brotando. Surge o delicado amarelo do Sol e o encantador verde das matas.

A celebração de Ostara, comemora a fertilidade, um tradicional e antigo festival pagão que celebra o evento sazonal equivalente ao Equinócio da primavera. Algumas das tradições e rituais que envolve Ostara, inclui fogos de artifícios, ovos, flores e coelho.

Ostara representa o renascimento da terra, muitos de seus rituais e símbolos estão relacionados à fertilidade. Ela é o equilíbrio quando a fertilidade chega depois do inverno. É o período que a luz do dia e da noite têm a mesma duração. Ostara é o espelho da beleza da natureza, a renovação do espírito e da mente. Seu rosto muda a cada toque suave do vento. Gosta de observar os animais recém-nascidos saindo detrás das árvores distantes, deixando seu espírito se renovar.

Ostara foi cristianizada como a maior parte dos antigos deuses pagãos. Os símbolos tradicionais da Páscoa vêm de Ostara. Os ovos, símbolo da fertilidade, eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses. É o Ovo Cósmico da vida, a fertilidade da Mãe Terra. Ostara gosta de verde e amarelo, cores da natureza e do sol.

O Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema de calendário lunar, que coloca o feriado no primeiro Domingo após a primeira lua cheia ou seguindo o equinócio.

A Páscoa foi nomeada pelo deus Saxão da fertilidade Eostre, que acompanha o festival de Ostara como um coelho, por esta razão, o símbolo do coelho de páscoa na tradição cristã. O coelho é também um símbolo de fertilidade e da fortuna.

A Páscoa foi adaptada e renomeada pelos cristãos, do feriado pagão Festival de Ostara, da maneira que melhor lhe convinha na época assim como a tradição dos símbolos do Ovo e do Coelho.

A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicéa, em 325 d.C., como sendo "o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal, adotado como sendo 21 de março.

A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na Quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a sua aparição. 

Poema da Eternidade - Maria Cecília Bonna

Foto: http://pedagogiawaldorfbahia.blig.ig.com.br/




Poema disponível em:
http://www.espacobemviver.com.br/biblioteca.asp?pTexto=2


Poema da Eternidade


Quando quiseres ser alguém,


Alguém que valha a pena notar,


Seja aquele que vive o hoje.


Não olhes para trás tentando refazer


Os caminhos já desviados.


Nem queiras supor o amanhã


Para tentar desvendar o que dele virá.


Vive o agora e olha o "em torno".


Percebe de onde vem a dor do mundo,


Que isso é o que importa.


E deixa fluir de ti


A Esperança que conduzirá à cura.


Não sejas um obstáculo aos sonhos


Mas uma ponte para a imaginação.


E assim teu tempo será ilimitado.


Pressentirás as origens e o fim,


Sem medo, sem culpa, sem dor.


E estarás vivendo


Unicamente o Hoje.


E ao vivê-lo cuida para que,


Acima de tudo,


Não queiras imortalizar tua passagem.


Deixa que ela se dilua,


Nas pequenas coisas da vida como um olhar, um sorriso, um afago.


Que tua passagem possa ser apagada rapidamente,


Como se apagam as marcas na areia.


Pois o que ficará de ti,


Já ficou impresso nas almas


dos que te cercavam.


E esses levarão a outrem


O que deixaste impregnado.


O mesmo sorriso, o gesto de amor e atenção,


O afago.


E essa marca de amor, que se conduz pelas pessoas,


É a tua eternidade.


Dia do Escoteiro - Mestre Renato

Sábado de Aleluia - Emil Bock

Estamos diante do sepulcro de José de Arimatéia, no qual foi deitado o corpo do Crucificado. A atmosfera está pesada como chumbo, saturnina. Realiza-se o sentido do dia de Saturno. Sempre já fora a essência do dia de Saturno, que os fiéis da Velha Liga, obedecendo à rígida lei, se entregavam ao silêncio dos túmulos: hoje é o sábado dos sábados. Mas nos ocupa uma pergunta ansiosa. É como se um lutador tivesse penetrado em uma gruta escura a fim de subjugar no interior um monstro, um dragão. Voltará ele vitorioso?
No dia anterior, nas trevas do meio-dia, quando o Cristo inclinou a cabeça e morreu, rasgou-se a cortina no templo. Isto foi mais do que um efeito natural do terremoto. Abre-se a visão do aspecto interior do mundo. Apenas a noite ainda nos impede de ver. Mas, da escuridão saturnina desprendem-se imagens. Tênues luzes iluminam os arredores do sepulcro e clareiam o terreno em parábolas do supra-terreno.
Reúnem-se imagens que já foram vistas nas últimas estações da via do mistério. Mesa e Cruz resumem como arqui-imagens aquilo que aconteceu nos dois últimos dias. Adiciona-se como terceira arqui-imagem a do sepulcro. É como se a atmosfera templária do Santíssimo, ante o qual rasgou a cortina, se ampliasse, se estendesse ao nosso  mundo.
Desde os primeiros tempos, os sepulcros foram, ao mesmo tempo, os altares dos homens. Todo culto divino originou-se no culto aos mortos. Os homens da terra iam aos túmulos quando queriam comunicar-se com os deuses. As almas dos mortos eram mediadoras entre os homens e os deuses. Como as almas dos mortos podiam ser encontradas perto dos túmulos, ali também encontravam-se os outros habitantes do mundo espiritual. Assim era em passado muito remoto, quando a morte ainda era irmã do sono e ainda não detinha o poder de aterrorizar de tal modo os homens como atualmente. Os homens, durante sua vida terrena, ainda não estavam tão desesperadamente presos à matéria do corpo terreno e, por isso, também não se separavam tão definitivamente do plano terreno após a morte. Havia ainda entre o mundo terreno e o espiritual um intercâmbio semelhante à inspiração e expiração. As almas dos mortos podiam reunir-se à beira dos túmulos com os que deixaram na terra. A imortalidade, a presença das almas que viveram na terra, ainda era perfeitamente sentida e não era posta em dúvida. Era o ar que os homens respiravam e do qual se asseguravam especialmente ao visitarem os túmulos e ao construírem sobre estes os seus templos.
No decorrer dos séculos, os homens se encarnaram cada vez mais profundamente. Quanto mais se ligavam a matéria terrena, tanto mais perdiam, para a vida post-mortem, a possibilidade de permanecerem ligados à terra. Durante a vida na terra ficavam presos à matéria, após a morte ficavam presos a uma esfera de sombras, de onde lhes era difícil aproximar-se dos homens na terra. A Fenda entre a terra e o além se alargava cada vez mais, era cada vez mais intransponível. A esfera da vida após a morte transformou-se em prisão, como dizem as epístolas de Pedro no Novo Testamento. A humanidade corria o risco de perder a verdadeira imortalidade, a consciência que sobrevive à morte. Um encanto entorpecente se apoderou do reino dos mortos.
Quando os egípcios mumificavam seus mortos e oravam nas proximidades dos corpos embalsamados, apenas tentavam forçar a conservação do estado antigo, tentavam prender as almas aos restos cadavéricos, apesar da intransponibilidade cada vez maior daquele abismo. Mas não era possível evitar a fatalidade. Cada vez mais se instalou, nos séculos pré-cristãos, o terror diante do mundo dos mortos. O estremecer diante da esfera dos mortos preenchia o mundo grego. No Velho Testamento desaparece totalmente a idéia da imortalidade. Formou-se uma corrente religiosa isenta da certeza da imortalidade. A crença de que a vida se prolonga somente nos descendentes substitui a idéia da imortalidade.
Não obstante, nos séculos pré-cristãos as almas ainda não estavam tão presas ao corpo como atualmente. Em conseqüência, os homens que viviam na terra sentiam claramente a trágica fatalidade da morte. Um peso oprimia a humanidade. Ainda se visitavam os túmulos, mas as almas dos mortos não vinham mais e os deuses permaneciam ausentes dos altares. O sentimento asfixiante da época pré-cristã era devido muito menos à miséria material do que à miséria interior. A terra transformou-se em deserto que há muito tempo não recebia chuva. A morte, outrora irmã do sono, transformou-se em terror da humanidade. É este o fundo emocional da esperança cada vez mais ardente pela vinda do Messias, esperança que atravessa todos os povos da era pré-cristã.
Estamos agora entre a sexta-feira santa e a Páscoa. O corpo foi tirado da cruz e depositado no sepulcro. A humanidade não o percebeu, mas, misteriosamente, arqui-imagens, pensamentos divinos se entretecem aos acontecimentos. A Providência fez com que cruz e sepulcro se situassem em um local que há milênios já fora vivenciado como um ponto central da terra. Entre Gólgota, a colina rochosa que se prolonga na massa rochosa lunar da montanha do templo, e o sepulcro, cujos arredores formam o início da paisagem cultivada do Monte Sion, havia outrora uma fenda primária na superfície terrestre. (Ver “Koenige und Propheten”, pág. 58 e ss. e “Caesaren und Apostel” pag. 193 e ss). A antiga humanidade via nesse terrível abismo o túmulo de Adão. Foi aí que, pela primeira vez, a morte desceu sobre a humanidade. E, deste modo, desde os tempos mais remotos, esta fenda, que corta em duas a face da cidade de Jerusalém, esteve ligada à idéia de ser esta a porta do Inferno. Neste local foi erguida ontem a cruz e está hoje o sepulcro.
Ao tentarmos assim penetrar no aspecto interior dos acontecimentos, parece-nos que mais uma vez é rasgada uma cortina, diante de outra esfera: o reino noturno dos mortos abre-se diante de nós, a esfera mais sagrada (o Santíssimo) na qual vivem as almas dos mortos que, no entanto, estão magicamente presas pelas forças da morte. Encontramos, então, uma luz inesperada na escuridão saturnina da esfera dos mortos. Agora existe ali alguém que não está dominado pela força mágica da morte e é livre de todo torpor. Ele atravessa a morte carregando a plena luz solar do seu gênio. E, desta maneira, enquanto na terra reina o escuro sábado sepulcral, nasce o sol no reino dos mortos. É este o sentido da descida do Cristo ao inferno. No reino dos mortos nasce um reluzir de esperança. Afrouxa-se a força mágica da morte, porque a visão se abre sobre uma futura vitória da alma humana sobre o espectro terrível do reino dos mortos. Quando na terra ainda era sábado, no reino dos mortos já era Páscoa. Antes que os homens da terra percebessem algo da Páscoa, já a perceberam os mortos.
Como haverá de prosseguir o drama? Ainda não está decidida a questão se haverá Páscoa também no mundo da corporeidade terrena. Ocorrerá também no campo material a vitória sobre a morte? Vitória que já brilha no reino das almas?
A terra moribunda, arriscada a perder totalmente a conexão com o céu, recebeu um remédio. Recebeu corpo e sangue do Cristo. Foram estas as primeiras partes da matéria terrestre totalmente impregnadas pelo espírito. São elas o germe de uma nova matéria transiluminada pelo espírito. O ser espiritual-anímico do Cristo acompanhou o corpo depositado no sepulcro de José de Arimatéia como acompanhara o sangue cujas gotas molharam o Monte do Gólgota. Pela primeira vez ficou sem efeito o exílio para o além, pela morte.
Encontramo-nos em um ponto crucial da Providência. Todo o universo participa diretamente daquilo que acontece na cruz e no sepulcro. A comunhão através da qual a própria terra absorve o remédio cósmico cresce incomensuravelmente. Já na sexta-feira santa, no momento da morte do Cristo, iniciam-se os terremotos, o último dos quais ainda faz estremecer a manhã da Páscoa. Durante o sábado não cessaram totalmente, embora as forças na natureza talvez se adaptassem ao silêncio sepulcral adequado ao dia. Embora possa ofender o cômodo raciocínio terreno, faz parte dos pontos culminantes cósmicos do drama do mistério do Gólgota aquilo que Rudolf Steiner transmitiu, como resultado da pesquisa espiritual, mas que pode ser comprovado também a partir do conhecimento dos segredos que repousam no solo de Jerusalém: reabriu a fenda original do Gólgota, que fora aterrada por Salomão. E, assim, a terra inteira se transformou em sepulcro do Cristo. A terra aceitou a hóstia que lhe foi oferecida, até mesmo fisicamente a aceitou em toda a profundeza. Ao pronunciarmos, com as palavras da nossa religião, os acontecimentos do sábado de Aleluia: “Ele foi enterrado no sepulcro da terra”, tocamos de leve o aspecto cósmico do mistério do Gólgota. Novalis sabia disto e expressou poeticamente que, quem ofereceu à terra o medicamente cósmico, não foi outro senão o próprio Cristo. O corpo do Cristo foi aparentemente sepultado por mãos humanas. Em verdade, ele se entregou livremente após a morte para a cura de toda a terra:

“...Como Ele, movido somente pelo amor

Se nos entregou totalmente.
 
E se deitou no seio da terra

Como pedra fundamental de uma Cidade de Deus”.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta-feira Santa - Emil Bock

À medida que a Semana do Silêncio realmente desemboca em silêncio, a atitude de Jesus parece modificar-se. A volição combativa e cintilante não aparece mais como antes. Quando, entre a meia-noite e a aurora, os encarregados vêm prender aquele que Judas beijaria, ele não se defende. Pelo contrário, impede Pedro de defendê-lo. Vemo-lo assim, agarrado por mãos brutas, arrastado de um lado a outro da cidade, aparentemente incapaz de escapar à crueldade dos que o flagelam, lhe colocam espinhos na testa, cospem e batem no seu rosto. O espectador é tomado da mais profunda emoção e tristeza quando, finalmente, os carrascos dão ao exausto a pesada cruz para carregar e depois o fixam à cruz com pregos. Onde ficou a força combativa que ainda nos primeiros dias desta semana o envolvia como em relâmpagos e centelhas? Abandonou ele a luta diante da cegueira e maldade dos homens?
Apenas em aparência exterior a atitude combativa e heróica foi substituída por uma aceitação passiva do destino. Os homens não estão maltratando e crucificando apenas um homem. Nas cenas da Paixão esconde-se o destino de um Deus: a luta que nos dias precedentes era travada por meios humanos continua agora em esfera oculta. Ao abrigo de olhares externos, esta luta assume agora dimensões muito mais poderosas. OCristo não luta com carne e sangue, mas com os poderes invisíveis dos adversários, de cuja tirania ele quer libertar a humanidade. Luta contra as potências luciféricas, contra os seres ardentes da luz enganadora que tentam alienar o homem da terra. Mas luta também contra os poderes arimânicos que contraem, enrijecem o homem e querem prendê-lo à matéria morta. 
Se adquirirmos a faculdade da visão capaz de ver além do primeiro plano das cenas da Paixão, então veremos como o Cristo luta vitoriosamente, primeiro contra as potências luciféricas, depois contra as potências arimânicas. No domingo de Ramos fora uma atividade da espiritualidade luciférica que desencadeara nos homens os gritos de "hosana", uma pseudo-espiritualidade irresponsável, inútil. Vimos como o Cristo recusou e despediu na segunda-feira esta antiga espiritualidade que se tornara luciférica. Na terça-feira vemo-lo entrar em outra arena de luta: na camada do intelecto esperto e astuto, sobre o qual ele lança suas palavras com grande força espiritual. Os questionadores que pretendem preparar-lhe uma cilada representam a fria astúcia e esperteza arimânica. Vemos como ele começa a enfrentar esses outros adversários mais obscuros.
Mas o poder arimânico age, mais do que na esfera humana, na esfera da matéria. Age em campo oculto. E se, aparentemente, o Cristo entrega as armas no decorrer do drama da Paixão, em realidade ele apenas persegue o poder arimânico em suas camadas ocultas para aí subjugá-lo.
O poder que Ariman possui sobre os homens se torna mais evidente e triunfante quando ele se aproxima do homem sob a forma da morte. No decorrer da evolução da humanidade, até o final da Antiguidade, a morte, inicialmente, um amigo paternal do homem, cada vez mais assumira os traços do Ariman. A fatalidade que paira sobre o homem, o fato de ser ele mortal, foi aproveitado pelo sinistro espírito, que dela fez sua mais contundente arma em sua luta contra a humanidade. 
O poder que a morte detém sobre nós não consiste unicamente no fato de termos que morrer, porém revela-se mais ainda depois da morte. Então, deve revelar-se a nós, após entregarmos nosso corpo terreno, ainda podemos continuar ligados àquilo que acontece na terra com aqueles aos quais nos relacionamos, dos quais fazemos parte. O poder total da morte reside nesta faculdade de nos arrancar ao terreno e nos lançar em uma vida no além sem relação alguma ou ponte que a ligue à vida na terra. O poder mortal de Ariman burla o homem. Durante a vida terrena o liga ao mundo da matéria, promete-lhe todas as realizações terrenas para não mais cumprir as promessas após a morte. 
Quanto mais terreno ou materialista o homem é durante a vida, tanto mais inexorável será em seu exílio no além. Somente aqueles que já se firmaram no espiritual durante a vida poderão continuar agindo sobre a vida na terra após a morte e continuar auxiliando aqueles que ainda permanecem na terra. Nós só possuímos, após a morte, tanto poder espiritual sobre a matéria quanto adquirimos na terra durante a vida.
Tocamos assim a esfera na qual o Cristo, ao prosseguir-se o drama da Paixão, continua a luta. Ele avança tanto mais potente nesta esfera quanto mais a aparência exterior sugere que ele se entrega passivamente aos que o capturaram. Ele não se defende contra os homens, não quer evitar exteriormente o sofrimento e a morte. Não se contenta apenas em defender-se, mas conquista uma vitória após outra sobre o poder arimânico-satânico que a morte quer ter sobre a essência interior do ser humano.
Quando o Cristo, no cenáculo, na quinta-feira santa, oferece aos discípulos a Santa Ceia, aparentemente não há luta. No entanto, quão maravilhosa vitória sobre o espírito da gravidade e da matéria inerte! O Cristo acompanha o pão e o vinho que sucumbiram às forças materiais terrenas e os torna luminosos pela força solar do seu coração.Arranca a criatura terrena às forças tenebrosas e a transforma em corpo e sangue da sua essência da luz.
Adivinhamos: se agora, ainda encarnado, ele é capaz de animar (conferir alma) aos elementos da terra, a ponto de torná-los luminosos, ele poderá fazer o mesmo, e mais, após morrer na cruz. Em Getsemane, a luta contra o poder mortal entra em uma fase decisiva. Aqui, no tranquilo Horto das Oliveiras, onde tantas vezes se detivera com seus discípulos para ensinamentos intimos*, ele tem que enfrentar - na mais extrema solidão - o mais perigoso ataque do adversário. O milagre da comunidade que ele acabara de oferecer no cenáculo para o bem do futuro da humanidade não vai ajudá-lo em nada. A consciência dos discípulos não está à altura do acontecimento. Judas desaparece nas trevas da traição, mas os outros também o abandonam, caindo nas trevas do sono de Getsemane, a partir do qual Pedro o negará.
O Cristo não tem que lutar contra uma fraqueza interna ou contra o medo da morte. Nada mais trágico do que interpretarmos a Paixão do Cristo como se Jesus, em Getsemane, tivesse orado para ser poupado da morte. Não é o medo da morte que o ataca, é a própria morte. A força da morte, já temerosa de perdê-lo do seu controle, se aproxima e ergue a mão contra ele. O Anjo Exterminador quer agarrá-lo. O mistério da lula no Getsemane reside no fato de a morte querer enganá-lo. Ela o quer antes da hora, antes que ele tenha completado sua missão, antes que seu espírito tenha impregnado totalmente a terra. Quer arrancá-lo para se apoderar ao menos de uma parte do seu ser.
*Do primeiro ao terceiro evangelho notamos uma progressiva revelação do mistério de Getsemane. Os dois primeiros evangelhos dizem apenas: “Jesus chegou com os discípulos a um horto chamado Getsemane". Temos, inicialmente, a impressão de que se trata de um sítio qualquer, estranho. Em Lucas o tema já toma outra direção: “Subiu, conforme seu costume, ao Monte das Oliveiras, e os discípulos o seguiram". É um lugar onde Jesus se detivera muitas vezes. O evangelho de João, enfim, traz a plena revelação: "Saiu, então, com os discípulos atravessando o rio Kedron. Havia ali um horto. Nele, Jesus entrou com os discípulos, mas Judas, que o traiu, também conhecia o lugar, porque Jesus muitas vezes ali se reunia com eles”. Getsemane é, portanto, um lugar de instrução esotérica aos discípulos. O Horto das Oliveiras se estendia até o alto do Monte das Oliveiras. Foi também o cenário do Apocalipse do Monte das Oliveiras na noite de terça-feira.
Durante três anos ardera em seu corpo e em sua alma o fogo solar do Eu divino. Os invólucros, sob este fogo interno, já estão perto de se incinerarem. O que resta ainda a assumir e a completar exigirá, também do lado físico, tanta força que surge o perigo da morte precoce. O poder arimânico, na tocaia, quer se aproveitar deste momento. Lucas, o médico, descreve exatamente o que ocorre; o errôneo sentido antropomórfico dado à cena é devido unicamente às traduções correntes. Onde a Bíblia de Lutero diz: “Aconteceu então que ele lutou com a morte e orou com maior intimidade”, o texto literalmente é: “ao entrar em agonia". Portanto, em sentido médico-técnico, já começou a agonia, a luta final. Lucas diz ainda: “Dele derramavam-se gotas de suor com sangue", definindo assim o exato sintoma da agonia.
O Cristo permanece vitorioso. Repele a morte. Ainda não chegou a hora. Com a mais potente força de oração jamais desenvolvida na terra, ele luta por ainda ficar no corpo. São ainda um eco desta luta as palavras que ele dirá na cruz: “Tenho sede”, aparentemente revelando uma fraqueza. Até o momento imediatamente anterior à expiração final, ele permanece fiel ao terreno. É neste fato que residirá sua vitória sobre a morte. Ele penetra ainda mais profundamente no mundo material terreno que porta em si pela corporeidade física. Ainda há um resto a cumprir. Não quer entregá-lo ao príncipe deste mundo, que já acredita ser a esfera material sua posse inalienável. Finalmente, é o próprio Judas que o aborda para lhe dar o beijo da traição, ajudando-o a repelir, com o perigo da morte precoce, o poder satânico.
Os outros discípulos que se mantiveram fiéis ao Cristo, em realidade o abandonam. O traidor vem ajudá-lo, socorrê-lo, sem saber o que está fazendo.

O cenário do drama volta novamente ao contexto humano. A manhã da sexta-feira traz um encontro do Cristo com toda a humanidade, representada pelas três figuras de Kaifás, Pilatos e Herodes. Em seguida, a via leva ao Monte do Gólgota: vemos os mercenários baterem os pregos através de mãos e pés do Cristo e, aparentemente, ele tudo aceita, aparentemente se entregou à extrema passividade. Em realidade, sua essência interior adquiriu através da mais amarga dor, o supremo poder do espírito sobre a matéria, de modo que o mundo da morte em nada mais pode afetá-lo. Os poderes arimânicos, as forças da morte sentem este fato. Entram em cena com suas últimas reservas, rugindo de raiva, bufando de ira porque falhou seu poder. Quando o sol escurece durante horas ao meio-dia da sexta-feira, parece que o demônio solar já foi mobiliado contra o deus do sol. E quando treme a terra, todos os demônios da terra parecem estar atacando para conseguir a vitória da força satânica da morte. O Anticristo move os elementos da terra e até mesmo as forças do céu. Mas o Cristo passa, sem se alterar, ao lado da força da morte.

A morte nada pode roubar à soberania de seu espírito, ao seu poder total sobre toda a essência terrestre. Os poderes cósmicos que levantam na hora do Gólgota estão em acordo com sua vontade. Ele disse aos que o prenderam em Getsemane: “Chegou agora a vossa hora. Agora as trevas têm a palavra”. (Lucas, 22, 53). Ao escurecer-se o sol, nada mais acontece além daquilo para o que o próprio Cristo dera o sinal.

Em meio à escuridão do Gólgota, revelou-se um mistério que podemos agora, cautelosamente, insinuar. O corpo na cruz começou a emitir luz. Se em muitas regiões, nos campos e nos caminhos, encontramos crucifixos negros com um Cristo dourado, podemos ver nesta tradição popular e ingênua um importante mistério da sexta-feira santa. Um secreto brilho solar quebrou a terrível escuridão do meio-dia. Revelou-se o sol do Cristo ao obscurecer-se o sol exterior. Um raio pascal já brilhou em plena escuridão da sexta-feira santa.
A última das sete palavras pronunciadas na cruz: “Está consumado” não significa que acabou o sofrimento, significa que agora a vitória total sobre o poder da morte foi conquistada. Enquanto normalmente a morte, após burlar o homem durante toda a vida com a matéria terrena, o lança ao além e o condena ao exílio, o Cristo, ao morrer, dirige-se diretamente à terra. O sangue flui de suas feridas e a alma o acompanha. Normalmente, quando um homem perde seu sangue, sangue e alma seguem caminhos opostos. Aqui a alma acompanha o sangue. E, em seguida, o corpo é sepultado. 
Normalmente, quando o corpo é sepultado, corpo e alma seguem caminhos diversos. Aqui a alma segue o mesmo caminho em direção à terra. É este o grande sacrifício cósmico de amor que o Cristo pode dedicar para toda a existência terrestre, porque a morte é incapaz de impedi-lo. A terra recebe corpo e sangue do Cristo. Recebe a grande comunhão, porque a morte não tem poder sobre aquele que morre na cruz. E assim incorporou-se a toda existência terrena um fermento, o remédio da trans-espiritualização de toda existência terrena material.
Durante três dias ainda persiste o efeito (Bann) da morte. De modo semelhante ao que acontece após a morte de qualquer homem, durante três dias ocorre uma certa parada sagrada do destino. Três dias após a morte física, a morte ainda uma vez mais adquire um poder implacável sobre o ser humano. Após ter afastado dele o corpo terreno, a morte separa agora também o corpo vital, o corpo etéreo, e o espalha pelo cosmo. O reluzir do corpo na cruz descortina a visão pascal: o poder da morte não será capaz, no terceiro dia, de dissolver o corpo etéreo do Cristo. Pelo poder que o Cristo detém sobre seu próprio ser, este manto etéreo não se afastará da terra, substanciar-se-á, de modo que o Cristo poderá ainda mais ligar-se a tudo o que é da terra. Em sua corporeidade espiritual, o Cristo permanece perto dos homens, como ele mesmo profetizou: “Eis que ficarei convosco todos os dias até o fim dos tempos terrestres”.
Através de uma força o Cristo obteve a vitória sobre a morte: a força do amor cósmico que nele se fez homem. Pilatos pôde dizer daquele que viu marcado pelos flagelos, coroado com espinhos e ironizado com o manto de púrpura: “Este é o Homem!”. Quanto mais nós podemos dizer: o que está na cruz e abre seus braços a fim de praticar na morte o grande ato de amor que tudo transforma é a verdadeira e mais sagrada imagem da essência do homem. Foi o que Christian Morgenstern cunhou em palavras poéticas:

Eu vi o HOMEM em sua forma mais profunda

Conheço o mundo até em seu fundamento

Sei que amor, amor é seu mais profundo sentido 

E que existo para amar cada vez mais.

Abro os braços como ELE fez

Quero, como ELE, abraçar o mundo inteiro.